31 de dez. de 2010

Jumento que transportou Jesus

Êxodo 13:11-15

11.Também acontecerá que, quando o SENHOR te houver introduzido na terra dos cananeus, como jurou a ti e a teus pais, quando ta houver dado,
12. Separarás para o SENHOR tudo o que abrir a madre e todo o primogênito dos animais que tiveres; os machos serão do SENHOR.
13. Porém, todo o primogênito da jumenta resgatarás com um cordeiro; e se o não resgatares, cortar-lhe-ás a cabeça; mas todo o primogênito do homem, entre teus filhos, resgatarás.
14. E quando teu filho te perguntar no futuro, dizendo: Que é isto? Dir-lhe-ás: O SENHOR nos tirou com mão forte do Egito, da casa da servidão.
15. Porque sucedeu que, endurecendo-se Faraó, para não nos deixar ir, o SENHOR matou todos os primogênitos na terra do Egito, desde o primogênito do homem até o primogênito dos animais; por isso eu sacrifico ao SENHOR todos os primogênitos, sendo machos; porém a todo o primogênito de meus filhos eu resgato.

Os primogênitos de animais eram sacrificados para agradar a Deus. Porém, como o jumento era muito útil, os hebreus podiam trocá-lo por um cordeiro para sacrificá-lo no lugar dele.

Nesta riquíssima simbologia, Jesus é o Cordeiro de Deus, que resgatou o jumentinho que ia para o sacrifício!!!!

Nossas nucas estavam para serem quebradas, nossas vidas estávam para serem destruídas, mas o Cordeiro de Deus nos resgatou, o Cordeiro de Deus nos salvou da morte dando sua própria vida!

É isto que celebramos nessa Semana! É este o mistério para o qual somos chamados a viver cada dia de nossa vida!

E, se você, querido(a) irmão(ã), não se sente digno de tudo isso, o Senhor diz: Se alguém vos perguntar por que o soltais, responder-lhe-eis assim: O Senhor precisa dele.

O Senhor precisa de você, pobre jumentinho! Pois você O levará para o mundo, a todos os cantos, a todos os lugares, anunciando a Boa Nova!

Que possamos a cada dia, a cada ensinamento, levar Cristo àquele que necessita, e anunciar as maravilhas do Senhor!

Significado da figueira e Natanael debaixo da figueira

A figueira foi bastante apresentada na bíblia ao longo da historia de Israel, durante o templo bíblico os Israelitas tinham costume de orar e estudar debaixo da figueira por conta de sua enorme copa e principalmente porque as casas dos Israelitas tinham pouca iluminação e não muito incomum eram "barulhentas" por conta de crianças e animais.

Os sábios chamam à figueira de "a árvore do conhecimento da felicidade e da desgraça" porque era debaixo da figueira que os Israelitas oravam e estudavam a Torá, eram debaixo desta arvore que eles entregavam seu coração e confissão a Deus.
Em João quando Jesus declara claramente que já conhecia Natanael antes mesmo deste ter ciência da pessoa de Jesus, ele confessou que aquele era o Filho de Deus o Rei de Israel.

João 1:47-4047. Jesus viu Natanael vir ter com ele, e disse dele: Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo.
48. Disse-lhe Natanael: De onde me conheces tu? Jesus respondeu, e disse-lhe: Antes que Filipe te chamasse, te vi eu, estando tu debaixo da figueira.
49. Natanael respondeu, e disse-lhe: Rabi, tu és o Filho de Deus; tu és o Rei de Israel.


A figueira, juntamente com a videira, é uma das árvores que simboliza Israel. Há algo peculiar na figueira para simbolizar Israel: ao contrário de todas as outras árvores, a figueira tem como característica única que seus frutos aparecem antes das folhas. É como se a roupa da árvore, a aparência exterior da observância religiosa, as cerimônias e as insígnias do culto fossem apenas o resultado da presença de um fruto real. A experiência com Deus é o mais importante, o demais é roupagem externa e secundária.Um verdadeiro israelita considera mais importante o fruto que as folhas. Nesse caso Natanael é um representante do Israel de Deus da mesma forma que a mulher samaritana é uma representante da Samaria. O texto do evangelho de João parece ser um midrash de Zc 3:10: Naquele dia, diz o SENHOR dos Exércitos, cada um de vós convidará ao seu próximo para debaixo da vide e para debaixo da figueira.
Note que no texto de João não se trata de qualquer figueira, mas "da figueira".

No evangelho de João parece que o movimento foi contrário ao do texto de Zacarias: Filipe convidou Natanael para sair debaixo da figueira e ir conhecer o Messias.

Sobre Natanael embaixo da figueira há muitas especulações baseadas no Midrash Qohelet Rabbah 5:15, que menciona o estudo da Torah embaixo de árvores (você já mencionou isto). Contudo, o mais importante é que Jesus conhece os pensamentos e sentimentos mais secretos de Natanael, Jesus sabe que apesar de Natanael ser um cético, ele é sincero, em Natanael não há dolo, Natanael não é um figueira cheia de folhagem e sem frutos. Enfim, Jesus conhece o que há de mais secreto em Natanael, por isso este conclui que Jesus é o messias.


29 de dez. de 2010

Jesus e a linhagem biologica do Rei Davi

Este conteúdo foi tema de discusão no forum Beitmidrash.

Texto inicial

Se Jesus não tem a Linha Biológica Paterna do Rei Davi, então como ele pode ser o Messias ?
O messias vai ser descendente do Rei Davi. Assim afirma as Escrituras Hebraicas. (Isaías 11:1-10; Jeremias 23:5; Ezeqiel 34:23-24; 37:21-28; Jeremias 30:7-10; 33:14-16; e Oseas 3:4-5

A ascendência do Mashiach é patriarcal:
No Tanach todas as genealogias são traçadas através dos homens. Moisés foi ordenado a contar a os israelitas no deserto "pelas casas dos pais" (Números 1:2).

Resp. 1:
Mateus e Lucas são claramente contraditorios quando abordam o tema da genealogia...
A genealogia que Lucas apresenta a partir de Natan é muito estranha. É uma mistura de profetas e sacerdotes em que aparecem vários nomes repetidos. É uma linhagem profético-sacerdotal. O Evangelho de Mateus apresenta uma linhagem real desde David até Jeconias (ou Joacaz), mas logo a seguir surge uma concordância desconcertante com Lucas quando se refere a Salatiel e Zorobabel, dois sacerdotes, sendo o primeiro pai do segundo, e que viveram no tempo de Ciro, rei da Pérsia; a partir daqui, Mateus apresenta uma genealogia sacerdotal, tal como Lucas, mas totalmente diferente deste, não só nos nomes mas também no número de indivíduos envolvidos. O apóstolo Paulo desprezou tais genealogias e disso deu conta:
Primeira Epístola a Timóteu 1: 3
(...) PARA ADVERTIRES A ALGUNS, QUE NÃO ENSINEM OUTRA DOUTRINA, 4 NEM SE DÊEM A FÁBULAS OU A GENEALOGIAS INTERMINÁVEIS, QUE MAIS PRODUZEM QUESTÕES DO QUE EDIFICAÇÃO DE DEUS, QUE CONSISTE NA FÉ, ASSIM O FAÇO AGORA.

Resp. 2:
Eu quero que você saiba que nem Mateus e nem Lucas desejam que as genealogias construídas por eles sejam lidas como se este trecho não fizesse parte de um tema central que cada um destaca. No caso de Mateus, a genealogia de Jesus deve ser lida á luz do capítulo sobre as parábolas do Reino (Mt 13), o tema central de Lucas fica para outra oportunidade.
Para início de conversa é muita ironia querer que a genealogia de Jesus seja patriarcal quando o judaísmo há muito tempo somente aceita a genealogia matriarcal. Deixando a ironia de lado, é bom ter em mente o que significa "filho de ..." numa linguagem semita. O termo "filho" é uma maneira semítica para indicar a pertença de alguém à determinada realidade. "Filho de Deus" significa a pertença à esfera divina, o título também é aplicado aos fiéis (Jo 1,13). "Filho do Homem" significa o indivíduo humano. Quando se diz que Jesus é filho de José isso significa que José o reconheceu como filho e isto é o que importa para aquela cultura.
Veja o exemplo:
Lc 1:57-63 A Isabel cumpriu-se o tempo de dar à luz, e teve um filho. Ouviram os seus vizinhos e parentes que o Senhor usara de grande misericórdia para com ela e participaram do seu regozijo. Sucedeu que, no oitavo dia, foram circuncidar o menino e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias. De modo nenhum! Respondeu sua mãe. Pelo contrário, ele deve ser chamado João. Disseram-lhe: Ninguém há na tua parentela que tenha este nome. E perguntaram, por acenos, ao pai do menino que nome queria que lhe dessem. Então, pedindo ele uma tabuinha, escreveu: João é o seu nome. E todos se admiraram.
O que faz com que João seja filho de Zacarias não é uma questão de DNA, mas de reconhecimento público de Zacarias que diante dos conhecidos deu nome ao menino. Nesse momento João passou a ser filho de Zacarias e somente nesse momento. O DNA não importa aqui. O que faz com que Jesus seja filho de José é que José o reconheceu publicamente como filho e todos conheciam Jesus como filho de José e, por isso, Jesus era filho de Davi, ou seja, pertencente à casa de Davi, porque um descendente de Davi, José disse publicamente que Jesus era seu filho.
Deus também reconhece Jesus publicamente como seu filho e por isso, a partir dali, segundo a cultura da época ele passaria a ser filho de Deus. Estamos falando da cultura semita e não do dogma e os evangelistas escrevem dentro da cultura semita.

Resp. 3:
Aquilo que chamamos de genealogias é uma tentativa de traduzir o termo hebraico TÔLEDÔT (sempre no plural) que pode significar (1) tanto o resultado de um processo da ação divina, (2) quanto uma maneira de provar a descendência (que também é um processo).
EXEMPLOS:
(1) Em Gn 2,4: "estas são as tôledôt dos céus e da terra quando o SENHOR os criou".
(2) Em Esd 2,59.62: alguns foram impedidos de exercer o sacerdócio porque no retorno do exílio não conseguiram provar que descendiam da classe sacerdotal. Então, os descendentes da realeza e os descendentes da classe sacerdotal precisam provar isto, ou então seus direitos não serão reconhecidos.
As duas genealogias do Novo Testamento: Não estão interessados em fazer uma reportagem de acontecimentos, mas a partir do gênero literário de "história do nascimento de heróis", querem mostrar que a salvação não é produto do homem, ela é dom de Deus.
- Mateus
A genealogia que aparece em Mateus quer mostrar a continuação entre a fé cristã e a fé judaica: "Jesus filho de David" (Mt 1,1); "as gerações, desde Abraão até David, são catorze; desde David até ao exílio na Babilônia, catorze; e desde o exílio na Babilônia até Cristo, catorze" (Mt 1,17).
Ora, as consoantes hebraicas da palavra David têm o seguinte valor numérico: D=4, V=6, D=4 (4+6+4=14). Esse é um método rabínico para dizer algo de maneira mais profunda a fé da comunidade de Mateus: que Jesus não era um mito, era um judeu, dentro da cultura e tradição judaica. Que Jesus tem direito de ser considerado descendente de Davi, mesmo que alguns elos estejam confusos ou tenham se perdido.
Com a menção do número 14, Mateus mesmo nos indica que sua lista genealógica é mais simbólica que exata. Ou seja, Mateus diz para prestarmos atenção que o principal não uma chatice de um nome depois do outro. Mateus diz: atenção eu quero dizer que o mesmo Deus que agiu nas gerações passadas está agindo hoje, neste cara Jesus.
- Lucas
Não tem o mesmo objetivo que Mateus. Sua lista quer mostrar o processo de maturação da humanidade. Lc 3,23 diz que Jesus tinha cerca de 30 anos, um homem adulto. Esse homem maduro é o resultado de um processo que começou com Adão o qual era filho de Deus (Lc 3,38).
RESUMINDO: a genealogia em Lc está ligada à mesma intenção de Gn 2,4. A genealogia em Mt tem o mesmo objetivo que trata o livro de Esdras. E o mais importante na genealogia é o processo e não cada personagem. As gerações seguintes são frutos dos erros e acertos das gerações passadas e cabe a cada etapa da história conscientizar-se sobre o que deixará para o futuro.
Na Hagadá de Páscoa os judeus dizem: foi a nós, hoje, que o Senhor libertou (pois não sendo filhos de escravos são livres). Os antigos não tinham o mesmo conceito de história moderna que temos hoje. Atualmente privilegiamos a exatidão, antigamente era o simbólico (sin=con e bólico=junto). Ou seja, o importante para o antigo era o conjunto dos significados que algo carregava.
*****Cito aqui uma participação de Paulo Dias em 01.02.2007:
"Não é uma genealogia heráldica como no Ocidente... Toda essa genealogia se divide em esquemas numéricos, 3 X 14 em Mt, 70 + 7 em Lc. Isto se prende ao livro de Enoque, que dividiu a história do mundo em 10 Semanas de 7 Idades cada uma, 70 gerações ao todo. 3 X 14 = 42, seriam 6 semanas de 7 idades e no fim a Idade do messias; mesma coisa em Lucas... JC é a gerações número 77 em Lc e 43 em Mt (4 + 3 = 7). É um esquema simbólico, apenas, não é documental nem histórico..."
Em Jr 22:28 há uma maldição para Jeconias e seus filhos e eles aparecem da lista de Mateus como ascestrais de Jesus (Mt 1:11-12). Também aparecem as mulheres que não são nada honradas: Tamar, Raabe, Rute e a mulher de Urias. Mateus faz o contrário das genealogias da época que excluíam das listas as figuras pouco honradas, Mateus faz questão de mostrar para os judeus cristãos de sua comunidade, os quais eram muito apegados à sua judaicidade e tinham preconceitos dos gentios, que se nem Jesus foi sangue puro muito menos os tais que se vangloriavam disso.

"Não é uma genealogia heráldica como no Ocidente... Toda essa genealogia se divide em esquemas numéricos, 3 X 14 em Mt, 70 + 7 em Lc. Isto se prende ao livro de Enoque, que dividiu a história do mundo em 10 Semanas de 7 Idades cada uma, 70 gerações ao todo. 3 X 14 = 42, seriam 6 semanas de 7 idades e no fim a Idade do messias; mesma coisa em Lucas... JC é a gerações número 77 em Lc e 43 em Mt (4 + 3 = 7). É um esquema simbólico, apenas, não é documental nem histórico..."
Em Jr 22:28 há uma maldição para Jeconias e seus filhos e eles aparecem da lista de Mateus como ascestrais de Jesus (Mt 1:11-12). Também aparecem as mulheres que não são nada honradas: Tamar, Raabe, Rute e a mulher de Urias. Mateus faz o contrário das genealogias da época que excluíam das listas as figuras pouco honradas, Mateus faz questão de mostrar para os judeus cristãos de sua comunidade, os quais eram muito apegados à sua judaicidade e tinham preconceitos dos gentios, que se nem Jesus foi sangue puro muito menos os tais que se vangloriavam disso.